Estudo O que é o Espiritismo
V.
— É precisamente para evitar esse perigo que vim pedirvos permissão
para assistir a algumas experiências.
A. K. — E julgais que isto vos baste para poder, ex professo, falar de
Espiritismo?
Como podereis compreender essas experiências e, ainda mais, julgá-las,
quando não estudastes os princípios em que elas se baseiam?
Como apreciaríeis o resultado, satisfatório ou não, de ensaios
metalúrgicos, por exemplo, não conhecendo a fundo a metalurgia?
Permiti-me dizer-vos, senhor, que vosso projeto é absolutamente a mesma
coisa que, não tendo estudado a Matemática, nem a Astronomia, vos apresentásseis
a um dos membros do Observatório, dizendo-lhe:
“Senhor, quero escrever um livro sobre Astronomia e provar que o vosso
sistema é falso; mas, como desconheço os menores rudimentos dessa ciência, deixai
que, por uma ou duas vezes, me sirva de vossa luneta; o que será suficiente para
ficar sabendo tanto quanto vós.”
É somente por extensão que a palavra criticar se tornou sinônima de
censurar; em sua acepção própria e segundo a etimologia, ela significa julgar,
apreciar. A crítica pode, pois, ser aprobativa ou desaprobativa.
Fazer a crítica de um livro não é necessariamente condená-lo; quem
empreende essa tarefa, deve fazê-lo sem ideias preconcebidas; porém, se antes de
abrir o livro, já o condena em pensamento, o exame não pode ser imparcial.
Tal o caso da maioria dos que têm falado contra o Espiritismo. Apenas
sobre o nome formaram uma opinião, fazendo qual juiz que proferisse uma
sentença, sem antes examinar as peças do processo.
A consequência foi que seu julgamento feriu em falso, e que, em vez de
persuadir, ocasionaram riso.
A maior parte dos que seriamente têm estudado a questão, mudou de idéia,
e mais de um adversário se tem tornado adepto do Espiritismo, quando reconhece
que o seu objetivo é muito diverso daquele que supunha.
Esse trecho do livro "O que é o Espiritismo", de Allan Kardec, é uma resposta firme e didática a um interlocutor que deseja julgar o Espiritismo apenas com base em algumas experiências práticas, sem estudo prévio dos seus princípios. Vamos analisar por partes:
🌟 1. A crítica superficial sem estudo
O interlocutor (V.) quer assistir a algumas sessões espíritas para formar opinião e, possivelmente, criticar. Kardec, no entanto, questiona:
“E julgais que isto vos baste para poder, ex professo, falar de Espiritismo?”
Ele diz que não se pode julgar com propriedade aquilo que não se estudou. Usa um exemplo bem claro: seria como alguém querer escrever sobre Astronomia e refutar seus fundamentos apenas olhando uma ou duas vezes por um telescópio, sem nunca ter estudado a ciência.
📌 Lição: Ver fenômenos não é o mesmo que compreendê-los. O Espiritismo possui uma base doutrinária, filosófica e moral que não se revela apenas por fenômenos.
🔍 2. A crítica verdadeira exige conhecimento
Kardec explica que a palavra criticar, em seu sentido original, significa avaliar, julgar com equilíbrio, e não simplesmente censurar ou atacar.
“Fazer a crítica de um livro não é necessariamente condená-lo…”
Para criticar seriamente, é preciso:
-
Conhecimento do objeto analisado
-
Isenção de ideias preconcebidas
-
Desejo sincero de compreender
Quando alguém já tem opinião formada antes de conhecer, como Kardec afirma, o julgamento é tendencioso e injusto.
😄 3. Críticas sem base geram descrédito
Kardec menciona que os ataques infundados ao Espiritismo geraram mais descrédito para os críticos do que para a doutrina:
“A consequência foi que seu julgamento feriu em falso, e que, em vez de persuadir, ocasionaram riso.”
Ou seja, os que atacam sem saber se tornam ridículos, pois falam de algo que não entendem.
🔄 4. O estudo transforma a visão
No fim, ele afirma que quem estuda seriamente o Espiritismo geralmente muda de ideia, e muitos dos que começaram como opositores se tornaram adeptos, ao perceberem que a doutrina tem um objetivo nobre, moral e profundamente espiritual, diferente do que imaginavam.
✨ Resumo da mensagem principal:
Allan Kardec defende que não se pode criticar ou julgar algo sem conhecer a fundo os seus princípios. No caso do Espiritismo, isso é especialmente importante, pois ele não se resume aos fenômenos, mas possui uma base filosófica e ética que precisa ser compreendida com seriedade e sem preconceitos.
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