Descendência de Adão
Os capítulos 4 e 5 do livro contam a história dos filhos de Adão e Eva, Caim, Abel e Sete. Eles também tiveram outros filhos e filhas, sem nome no livro. Adão viveu 930 anos.
Adão e Eva possuem dois filhos homens, Caim torna-se lavrador e Abel, pastor de ovelhas. Ambos ofereceram ofertas em sacrifício a Iavé, que se agradou apenas do sacrifício que Abel lhe havia oferecido. Caim, por ciúme, mata Abel no campo. Iavé pergunta a Caim onde está Abel e diz que o sangue desse "clamava da terra até Ele". Caim responde sarcasticamente dizendo "Não sei; sou eu o guarda de meu irmão?" A razão que motivou o assassinato é dada no texto e o crime de Caim se agrava pela mentira. Iavé o amaldiçoa e o expulsa da terra, ficando ele condenado a não mais conseguir lavrar a terra e tornar-se um vagabundo fugitivo. Caim reclama que qualquer um o poderia matar, mas Deus coloca-lhe uma marca, dizendo que quem o matasse seria "castigado sete vezes". A natureza da marca de Caim também é misteriosa.
Caim foi viver na região de Nod, a leste do Éden. Caim desposa uma mulher e tem um filho chamado Enoque e edifica uma cidade com o mesmo nome. De Enoque, nasceu Irad, que gerou Meujael; Meujael gerou Metusael; Metusael gerou Lameque.
Lameque teve duas esposas, Ada e Zilá. Ada deu à luz Jabal, que, segundo o texto, "foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado"; Jubal, o "pai de todos os que tocam harpa e flauta" e Tubalcaim, dos "fabricantes de todo o instrumento cortante de cobre e de ferro". Tiveram igualmente uma filha, Naamá. Então Lameque disse à suas duas mulheres: "matei um homem, porque me feriu; e um rapaz, porque me pisou. Se por Caim tomar-se-á vingança sete vezes, com certeza por Lameque o será setenta e sete vezes."
No lugar de Abel, Deus dá outro filho a Adão e Eva, Sete, que terá um filho chamado Enós e será o primeiro a invocar o nome de Deus, Iavé.
Embora este texto de origem na fonte javista afirme que foi Enós quem primeiro usou o nome de Iavé, a fonte Eloísta diz ter sido Moisés o primeiro a usar o nome próprio do deus de Israel, conforme o Livro do Êxodo 3:13-15.
O contraste entre a maldição de Caim tornar-se um vagabundo, e o fato de depois ter edificado uma cidade, pode sugerir que essa história foi composta a partir de outras duas. Uma sobre o primeiro assassinato e, outra, sobre o surgimento da primeira cidade.
O quinto capítulo do Livro do Gênesis é oriundo da fonte sacerdotal, escrita durante o exílio por volta de 500 a.C., porém baseado em tradições mais antigas. Tem o objetivo de, junto com os versículos de 10 a 26 do capítulo 11, traçar a genealogia entre Adão e Abraão. A genealogia de Adão é traçada por Sete, mas diversos nomes na série são iguais ou semelhantes a alguns nomes na linhagem de Caim. A tabela abaixo compara tais genealogias. A ordem é alterada para por em evidência as semelhanças. Os números à esquerda indicam a sequência como aparecem no texto.
Gênesis 4:17-26 (Fonte javista) | Gênesis 5:1-32 (Fonte sacerdotal) |
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1. Adão | 1. Adão |
8. Sete | 2. Sete |
9. Enosh | 3. Enosh |
2. Caim | 4. Kenan |
5. Mahujael | 5. Mahalalel |
4. Iradi | 6. Jared |
3. Enoque | 7. Enoque |
6. Mathusael | 8. Methuselah |
7. Lameque | 9. Lameque |
10. Noé | 10. Noé |
Longos períodos de vida são atribuídos a dez patriarcas antediluvianos. A tradição babilônica também registra dez reis com períodos de vida muito longos que reinaram sucessivamente antes do dilúvio. Em ambas as listas, a sétima posição tem significado especial. En-men-dur-ana, o sétimo rei da lista babilônica, tem o mesmo nome da cidade onde se centraliza a adoração ao deus Sol e foi levado aos céus pelos deuses enquanto Enoque viveu 365 anos - o número de dias de um ano solar - e também foi "tomado por Deus"
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