Reencarnação Parte 5

Grécia Antiga
A discussão do conceito no início da Grécia remonta ao século VI a. C. Um pensador grego conhecido por ter considerado o renascimento é Ferécides de Siro (fl. 540 A. E. C.). Seu contemporâneo mais jovem Pitágoras (c. 570 – c. 495 A. E. C.), primeiro expoente da reencarnação famoso, instituiu sociedades para sua difusão. Algumas autoridades acreditam que Pitágoras era aluno de Ferécides, outras que Pitágoras adotou a ideia de reencarnação da doutrina do orfismo, uma religião trácia, ou trouxe os ensinamentos da Índia. Há apontamentos para alegações de reencarnação em Epimênides de Creta (século VI a. C.) que teriam antecedido o sistema órfico-pitagórico. 
Outro conhecido expositor de uma doutrina de transmigração foi Empédocles, em cujos fragmentos se encontra essas afirmações: "Porque um dia fui menino e menina, arbusto e pássaro e mudo peixe do mar" e: Platão (428/427-348/347 A. E. C.) apresentou relatos de reencarnação em suas obras, particularmente o Mito de Er. Em Fédon, Platão traz seu professor Sócrates, antes de sua morte, declarando: "Estou confiante de que realmente existe algo como viver de novo e que os vivos nascem dos mortos". No entanto, Xenofonte não menciona Sócrates como acreditando na reencarnação e Platão pode ter sistematizado o pensamento de Sócrates com conceitos que ele tirou diretamente do pitagorismo ou do orfismo.
Antiguidade Clássica
A religião órfica, que ensinava a reencarnação, por volta do século VI a. C. organizou-se em escolas de mistério em Elêusis e em outros lugares, e produziu uma abundante literatura. Diz-se que Orfeu, seu lendário fundador, ensinou que a alma imortal aspira à liberdade enquanto o corpo a mantém prisioneira. A roda do nascimento gira, a alma alterna entre liberdade e cativeiro em volta do amplo círculo da necessidade. Orfeu proclamou a necessidade da graça dos deuses, em particular Dionísio, e da autopurificação até que a alma complete a ascensão espiral do destino para viver para sempre. Uma associação entre a filosofia pitagórica e a reencarnação era rotineiramente aceita em toda a antiguidade. Na República, Platão faz com que Sócrates conte como Er, filho de Armênio, milagrosamente voltou à vida no décimo segundo dia após a morte e contou os segredos do outro mundo. Existem mitos e teorias com o mesmo efeito em outros diálogos, na alegoria da biga do Fedro, no MenoTimeu e Leis. A alma, uma vez separada do corpo, passa uma quantidade indeterminada de tempo na "terra da forma" (veja A Alegoria da Caverna na República) e depois assume outro corpo. Na literatura grega posterior, a doutrina é mencionada em um fragmento de Menandro e satirizada por Luciano. Na literatura romana, é encontrada tão cedo quanto Ênio, que, em uma passagem perdida de seus anais, contou como havia visto Homero em um sonho, que lhe assegurara que a mesma alma que animara os dois poetas já pertenceram a um pavão. Pérsio em suas sátiras (vi. 9) ri disso, também é referida por Lucrécio e HorácioVirgílio elabora a ideia em seu relato do submundo no sexto livro da Eneida. Persiste até os pensadores clássicos tardios, Plotino e os outros neoplatonistas. Na Hermética, uma série greco-egípcia de escritos sobre cosmologia e espiritualidade atribuídos a Hermes Trismegisto/Thoth, a doutrina da reencarnação é central. No pensamento greco-romano, o conceito de metempsicose desapareceu com a ascensão do cristianismo primitivo, devido a alegações de incompatibilidade da reencarnação com a doutrina central cristã da salvação dos fiéis após a morte. Foi sugerido que alguns dos Pais da Igreja primitiva, especialmente Orígenes, ainda acreditavam na possibilidade de reencarnação, mas as evidências são tênues, e os escritos de Orígenes conforme chegaram até nós falam explicitamente contra ela. Algumas primeiras seitas gnósticas cristãs professavam reencarnação. Os Setianos e seguidores de Valentim acreditaram nela. Os seguidores de Bardesanes da Mesopotâmia, uma seita do século II considerada herética pela Igreja Católica, recorreram à astrologia caldeia, à qual o filho de Bardesanes, Harmônio, educado em Atenas, acrescentou ideias gregas, incluindo uma espécie de metempsicose. Outro desses professores foi Basilides (132– EC/AD), conhecido por nós através das críticas de Irineu e do trabalho de Clemente de Alexandria (ver também Neoplatonismo e Gnosticismo e Budismo e Gnosticismo). No terceiro século cristão, o maniqueísmo se espalhou para leste e oeste da Babilônia, depois dentro do Império Sassânida, onde seu fundador, Mani, viveu entre 216 e 276. Os mosteiros maniqueístas existiam em Roma em 312 d. C. Observando as primeiras viagens de Mani ao Império Kushan e outras influências budistas no maniqueísmo, Richard Foltz atribui os ensinamentos de reencarnação de Mani à influência budista. Contudo, a interrelação entre maniqueísmo, orfismo, gnosticismo e neoplatonismo está longe de ser clara.

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