Gênesis Parte 3

Hipótese documental

A maioria dos estudiosos bíblicos modernos acreditam que a Torá (os cinco primeiros livros do Antigo Testamento) chegaram à sua forma presente no período pós-exílio (depois de 520 a.C.), quando tradições mais antigas, orais e escritas, "detalhes geográficos e demográficos contemporâneos, mas, ainda mais importante, as realidades políticas da época" foram levados em consideração. Os cinco livros são geralmente descritos na hipótese documental como se baseando em quatro "fontes" (entendidas como escolas literárias e não indivíduos): a fonte javista e a fonte eloísta (frequentemente entendidas como uma única fonte), a fonte sacerdotal e a fonte deuteronomista. Ainda há discussões sobre a existência e origem das fontes não-sacerdotais, mas a tese majoritária é que estas existiram e são posteriores ao exílio.
  • Gênesis: composto principalmente de material sacerdotal e não-sacerdotal;
  • Êxodo: uma antologia baseada em fontes de quase todos os períodos da história de Israel;
  • Levítico: inteiramente sacerdotal e do período do exílio ou posterior;
  • Números: uma edição sacerdotal de um original não-sacerdotal;
  • Deuteronômio: originalmente um conjunto de leis religiosas, foi ampliado no início do século VI para servir de introdução para a história deuteronomística (os livros de Josué e Reis) e, posteriormente, foi separado desta história, ampliado e editado novamente e anexado à Torá
A história da criação
A história da criação encontrada nos dois primeiros capítulos do livro do Gênesis descreve um começo sobrenatural para o Universo, a Terra e a vida.
O capítulo 1 descreve a criação do mundo por Deus (Elohim) através da fala divina culminando com a criação da humanidade à imagem de Deus e a designação do sétimo dia como Sabbath, um dia de descanso ordenado por Deus. No segundo capítulo, Deus (Iavé[a]) cria primeiro o homem, na figura de Adão e, depois, a mulher, Eva, que é criada a partir de uma costela de Adão. Termina com uma afirmação referente ao casamento entre o homem e a mulher. A visão de mundo por trás desta história é o da cosmologia comum no Antigo Oriente Médio, que concebe a Terra como disco plano com infinita água acima e abaixo. Acreditava-se que o céu era formado por um firmamento sólido e metálico (lata de acordo com os sumérios e ferro conforme os Egípcios) separando o mundo habitado das águas que o rodeavam. As estrelas estavam incrustadas na superfície inferior deste domo, com portões que permitiam a passagem do Sol e da Lua. O disco da Terra era visto como um continente-ilha único rodeado por um oceano circular, que era ligado aos mares conhecidos - mar Mediterrâneogolfo Pérsico e o mar Vermelho. Como mito de criação, é similar a outras histórias da mitologia babilônica antiga, como o Enuma Elish diferindo delas em seu aspecto monoteísta.
As passagens têm uma longa e complexa história de interpretação. Até a última metade do século XIX, elas eram vistas como um contínuo uniforme: Gênesis 1:2:6 descrevendo as origens do mundo e Gênesis 2:2:25 mostrando uma pintura mais detalhada da criação da humanidade. Estudos modernos observaram o uso de nomes distintos para Deus nas narrativas (Elohim versus Iavé), diferentes ênfases (física versus moral) e divergência na ordem de criação (ex. plantas antes de humanos versus humanos antes de plantas) e concluíram que estes textos possuem origens distintas, embora estas conclusões não sejam consensuais na comunidade acadêmica.

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