Candomblé Parte 2


Sincretismo
No tempo das senzalas, os negros, para poderem cultuar seus orixás, nkisis e voduns, usavam como camuflagem um altar com imagens de santos católicos e, por baixo, os assentamentos escondidos. Segundo alguns pesquisadores, esse sincretismo já havia começado na África, induzido pelos próprios missionários cristãos para facilitar a conversão. Depois da libertação dos escravos, começaram a surgir as primeiras casas de candomblé, e é fato que o candomblé de séculos incorporou muitos elementos do cristianismo. Imagens e crucifixos eram exibidos nos templos, orixás eram frequentemente identificados com santos católicos, algumas casas de candomblé também incorporam entidades de caboclos, que eram consideradas pagãs como os orixás. Mesmo usando imagens e crucifixos, inspiravam perseguições por autoridades e pela Igreja Católica, que viam o candomblé como paganismo e bruxaria. Nos últimos anos, tem aumentado um movimento em algumas casas de candomblé que rejeitam o sincretismo aos elementos cristãos e procuram recriar um candomblé "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos africanos.

Denominação

Em língua portuguesa, os templos de candomblé são normalmente chamados de casas, roças, terreiros, barracão ou axé. Adotam ainda denominações oriundas de línguas africanas, de acordo com a nação ao qual pertencem: ilê axé (nações ketu, efon e ijexá), kwe, abaçá ou humpame (nações jeje), nzo, mbazi, canzuá (nações bantu). Por exemplo, o Zoogodô Bogun Malê Sejahundê (nação jeje mahi), é mais conhecido como Kwe Sejahundê ou simplesmente Roça do Ventura.
Arquitetura
Geralmente, os terreiros ficam localizados em lugares distantes, como sítios; alguns em locais mais centrais. Podem ser grandes ou pequenos, porém precisam ser bem planejados para comportar todos os segmentos necessários para o bom andamento das liturgias.
Tombamento
Há mais de 30 anos, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional) reconhece os espaços sagrados dos terreiros como patrimônio cultural brasileiro. Assim, o órgão do Governo Federal tombou os seguintes terreiros em Salvador, Itaparica e Cachoeira, todos no estado da Bahia:[29]
  • Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca do Engenho Velho, Salvador/BA)
  • Ilê Axé Opô Afonjá (Salvador/BA)
  • Ilê Iyá Omin Axé Iyamassé (Terreiro do Gantois, Salvador/BA)
  • Ilê Mariô Láji (Terreiro do Alaketu, Salvador/BA)
  • Mansu Bandukenké (Terreiro do Bate-Folha, Salvador/BA)
  • Ilê Oxumarê Axé Ogodô (Casa de Oxumarê, Salvador/BA)
  • Ilê Agboulá (Itaparica/BA)
  • Zoogodô Bogun Malê Sejahundê (Roça do Ventura, Cachoeira/BA)

Hierarquia
No Brasil, existe uma divisão nos cultos: IfáEgungunOrixáVodun e Nkisi são separados por tipo de iniciação ao sacerdócio.
  • No culto de ifá, participam tanto homens quanto mulheres, sendo um culto patriarcal conduzido pelos babalaôs.
  • No culto aos egunguns, participam tanto homens quanto mulheres, sendo um culto patriarcal que lida diretamente com a ancestralidade, conduzidos pelos Ojé.
  • No candomblé queto, participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens (babalorixás) quanto por mulheres (ialorixás), entram em transe com orixá.
  • No candomblé jeje, participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens quanto por mulheres Vodunsis, entram em transe com vodun.
  • No candomblé banto, participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens quanto por mulheres iniciadas muzenzas: entram em transe com nkisi.
 

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