LIVRO DE URÂNTIA
4. A Misericórdia Divina
A misericórdia é simplesmente a justiça temperada por aquela sabedoria que surge da perfeição
do conhecimento e que advém do reconhecimento pleno da fraqueza natural e das limitações ambientais,
das criaturas finitas. “O nosso Deus é cheio de compaixão, de graça, de paciência e abundante em
misericórdia”. Portanto “todo aquele que invocar o Senhor será salvo”, “pois Ele perdoará
abundantemente”. “A misericórdia do Senhor vai de eternidade a eternidade”, sim, “a Sua misericórdia
perdura para sempre”. “Eu sou o Senhor que faz prevalecer a benevolência amorosa, o juízo e a retidão na
Terra, pois com essas coisas Me deleito”. “Eu não aflijo voluntariamente, nem encho de pesar, aos filhos
dos homens”, pois Eu sou “o Pai da misericórdia e o Deus de toda consolação”.
Deus é inerentemente bom, naturalmente compassivo e eternamente misericordioso. E jamais é
necessário que se exerça qualquer influência sobre o Pai para suscitar o Seu amor e benevolência. A
necessidade da criatura é totalmente suficiente para assegurar a fluência total da misericórdia terna do Pai
e Sua graça salvadora. E porque Deus sabe de tudo sobre os Seus filhos, torna-se fácil para Ele perdoar.
Quanto melhor o homem entender o seu vizinho, mais fácil será perdoá-lo e, mesmo, amá-lo.
Somente o discernimento da sabedoria infinita capacita um Deus reto a ministrar a justiça e a
misericórdia, ao mesmo tempo e em qualquer situação no universo. O Pai celeste nunca Se conturba com
atitudes conflitantes, em relação aos Seus filhos do universo; Deus nunca é vítima de antagonismos de
atitudes. A onisciência de Deus dirige infalivelmente o Seu livre-arbítrio, na escolha daquela conduta no
universo que satisfaz, perfeita, simultânea e igualmente, às demandas de todos os Seus atributos divinos e
qualidades infinitas da Sua natureza eterna.
A misericórdia é fruto natural e inevitável da bondade e do amor. A boa natureza de um Pai
amantíssimo não poderia, certamente, recusar o ministério sábio da misericórdia, a cada membro de todos
os grupos dos Seus filhos no universo. A eqüidade da justiça eterna e a misericórdia divina constituem,
juntas, aquilo a que a experiência humana chama de justiça.
A misericórdia divina representa uma técnica equânime de ajustamento entre os níveis de
perfeição e imperfeição do universo. A misericórdia é a justiça da Supremacia, adaptada às situações do
finito em evolução; é a retidão da eternidade, modificada para satisfazer aos mais altos interesses e ao
bem-estar dos filhos do tempo no universo. A misericórdia não é uma contravenção da justiça, é antes uma
interpretação compreensiva das demandas da justiça suprema, aplicada com equanimidade aos seres
espirituais subordinados e às criaturas materiais dos universos em evolução. A misericórdia é a justiça da
Trindade do Paraíso, sábia e amorosamente enviada às inteligências múltiplas, das criações do tempo e do
espaço, tal como foi formulada pela sabedoria divina e determinada pela mente onisciente e pela vontade
soberana do Pai Universal, e de todos os Seus Criadores coligados.
Comentários
Postar um comentário