CABALA PARTE 7
O Piedoso
Intimamente conectado, está a doutrina de que os piedosos estão habilitados a ascender em direção a Deus, mesmo nesta vida, se eles souberem libertar-se dos obstáculos que prendem a alma ao corpo.
Assim, os primeiros místicos foram capazes de revelar os mistérios do mundo além.
De acordo com Anz, lc, e Bousset, Die Himmelreise der Seele, no Archiv für Religionswissenschaft, iv. 136 et seq., a doutrina central do gnosticismo—um movimento intimamente ligado ao misticismo judaico—foi nada mais que a tentativa de libertar a alma e uni-la a Deus.
Essa Concepção explica a grande proeminência de anos e espíritos nos misticismo judaico anterior e posterior
Através do emprego de mistérios, encantamentos, nomes de anjos, etc., o místico assegura para si mesmo a passagem para Deus, e aprende as palavras e fórmulas sagradas com as quais ele domina os espíritos malignos que tentam frustrá-lo e destruí-lo.
Assim também os essênios estavam familiarizados com a ideia da jornada para o céu; e eles também eram mestres da angelologia. A prática de magia e encantamento, a angelologia e a demonologia, foram emprestadas da Babilônia, da Pérsia e do Egito; mas esses elementos estrangeiros foram judaizados no processo, e tomaram a forma da adoração mística do nome de Deus e de especulações sobre o poder misterioso do alfabeto hebraico; para se tornar, finalmente, fundamentos da filosofia do Sefer Yeẓirah.
Outra concepção pagã que, em forma refinada, passou para a Cabala através do Talmudismo, referindo-se ao mistério do sexo. Possivelmente, essa velha concepção subjaz às passagens Talmúdicas, referindo-se ao mistério do casamento, tal como a Xekinahá habita entre homem e mulher. Uma antiga visão semítica (ver. Ba'al) considera as águas superiores.como masculinas, e as águas inferiores como femininas, sua união frutificando a terra. Assim, a teoria gnóstica dos syzygies (pares) foi adotada pelo Talmud, e mais tarde foi desenvolvida em um sistema pela Cabala.
A doutrina da emanação, também comum ao gnosticismo e à cabala, é representada por um tanna do meio do segundo século e.C. A ideia de que as ações piedosas dos justos aumentam o poder celestial;que os ímpios confiam em seus deuses, mas que os justos são o apoio de Deus, deu origem à doutrina cabalística posterior da influência do homem no curso da natureza, na medida em que as boas e más ações do homem fortalecem respectivamente os bons ou os maus poderes da vida.
Os elementos heterogêneos desse misticismo talmúdico ainda não foram fundidos; os ingredientes platônico-alexandrino, oriental-teosófico e Judæo-alegórico ainda sendo facilmente reconhecíveis e ainda não elaborados no sistema da cabala.
O monoteísmo judaico ainda era transcendentalista. Mas como o misticismo tentou resolver os problemas da criação e do governo mundial introduzindo diversos personagens intermediários, potencialidades criativas como Meṭaṭron, Xekiná e assim por diante, mais se tornou necessário exaltar a Deus a fim de impedir sua redução a uma mera sombra; essa exaltação se tornou possível pela introdução da doutrina panteísta da emanação, que ensinava que na realidade nada existia fora de Deus.
Contudo, se Deus é o lugar do mundo e tudo existe Nele, deve ser a principal tarefa da vida sentir-se em união com Deus - uma condição que os viajantes da Merkavá, ou, como o Talmud os chama, os frequentadores do paraíso, esforçaram-se para alcançar. Aqui está o ponto em que a especulação dá lugar à imaginação.
As visões que esses místicos contemplavam em seus êxtases eram consideradas reais, dando origem, no interior do judaísmo, a um misticismo antropomórfico, que tomava seu lugar ao lado do dos panteístas. Embora a literatura Midráxica-Talmúdica tenha deixado alguns traços desse movimento, os rabbis se opõem a tais extravagâncias, mas, os escritos dos pais da igreja evidenciam muitos gnósticos judaizantes que eram discípulos do antropomorfismo (Orígenes, De Principiis, compare Clementina, Elcesaites, Minim).
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